O homem e o saber
Posted: by Josué Fernandes in
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A todo instante nos deparamos com objetos que representam incógnitas para nosso consciente, e como num ciclo, expomos por aptidão inata nossas incertezas vinculadas a um instinto que busca pôr-nos a parte dos elementos que compõem o universo de informações em que vivemos. Tendo a cognição como base do saber, inicia-se um processo de idealização adventícia dirigida ao ser em questão, que formará ao final de algumas etapas um conceito individual. Como primeira etapa deste processo, temos a apreensão mental do objeto. Podemos dizer que se trata de um procedimento intelectual passivo, por não afirmar, negar, deduzir ou induzir nada referente aos elementos do objeto. A apreensão cria em nosso consciente uma mera imagem superficial por não alisar os atributos necessários para chegar-se a uma conclusão. Obtemos um ponto de partida, um referencial que será analisado pelo próprio espírito para possibilitar a continuidade do processo de conhecimento.
A partir da imagem do objeto pode-se realizar um ato mental que fará relação entre a imagem proveniente da apreensão e a imagem do objeto já existente em nosso consciente. Esta relação é denominada juízo, e afirma a conveniência ou inconveniência das imagens já existentes do objeto em questão. No entanto, esse procedimento se dá como o descrito, unicamente de uma forma onde já possuímos em consciência algum de seus elementos ou atributos. Por isso, no processo de idealização de elementos adventícios, não se faz o juízo da mera imagem obtida pela apreensão mental.
Quando obtemos através do espírito alguma informação que se aplique ao objeto, de maneira tal que se possam realizar juízos acerca do mesmo, avançamos a uma nova etapa, que consiste no ordenamento e análise das imagens então formadas. Esta fase do processo de conhecimento é o raciocínio. Basicamente é a ordenação dos dados a serem analisados.
Resta-nos agora, uma última etapa, que pode ser considerada parte da anterior, por se constituir basicamente de um método de raciocínio dedutivo. Chamado de silogismo, este procedimento impõe três proposições para análise: a premissa de maior extensão, a premissa de menor extensão e a conclusão. De forma que a conclusão é obtida da maior por intermédio da menor. Dessa forma, obtemos como produto uma conclusão, que pode variar por conta do juízo que se aplicou a imagem do objeto.
Não deve se considerar algo incomum o fato de que hajam divergências entre as conclusões que se constroem por cada um de nós. Isso se deve ao fato de que ao menos na etapa onde se faz o juízo, obtemos uma obra espiritual individual, isto é, que varia de acordo com nossos valores. O que foi construído até aqui é produto de todo um processo, que necessita seguir a ordem das etapas de formação. Com isso, nossas opiniões estarão firmadas nos dados obtidos e gerados ao longo de um processo que é irrepreensível, o que impedirá que estas sejam apontadas como meros argumentos.
Revisão de preconceito e discriminação.
Ora, tendo as opiniões em suas fases de formação seguido a ordem das etapas do processo de idealização e sendo julgadas ao final deste mesmo processo, com base em uma estrutura de valores, deveriam estar sujeitas a algum tipo de recaracterização, impostas geralmente, por alguns indivíduos? Inevitável. As divergências de opiniões sempre ocorrerão, já que o juízo é constituído de notas individuais. Podem-se observar então contradições entre os conceitos de um mesmo elemento. No entanto, não podem deixar de ser considerados conceitos, já que tais divergências de opiniões não recaracterizam os mesmos. Se surgirem através do completo processo de idealização serão sempre conceitos, mesmo ante a contradições. Com isso, preconceito religioso, sexual, não podem estar sujeitos serem taxados de conceitos pré concebidos. Mas qual é a definição de preconceito? É simples e facilmente compreensível: preconceito é qualquer conceito que se forma com um juízo que não predispõe de dados acerca do objeto em questão, para que assim possa efetivar-se, isto é, julgar sem conhecer. A intolerância a grupos sociais, divergências entre religiões, segregação de raças e classes, etc, são temas que também são erradamente tidos como sinônimos da discriminação, até mesmo algum ato sendo considerado fruto exclusivo de um preconceito, que são os atos que julgamos terem sidos executados por conta da ausência de um juízo coerente, mas não são. Simplesmente não devem ser classificadas grosseiramente como preconceito, já que na verdade são apenas atos discriminatórios.
Pode-se concluir que fatos e dados concretos são fundamentais para o conhecimento humano. Observem também, em contraparte, a forma com que antigas crenças e costumes influenciaram na sociedade moderna, quase sempre se resumindo a culturas teocentristas e baseadas na ciência primitiva. Estas deram origem as mais populares religiões, tradições e hábitos da sociedade, o que os tornam, em sua maioria, dignos de revisões.